[Continuamos com a série de textos do Dr. Aquilino Polaino-Lorente, sobre o processo de autoidentificação homossexual. Muitos irmãos e irmãs que lutam contra a atração pelo mesmo sexo (AMS) encontrarão aqui elementos que conectarão com a própria experiência de vida. Os que não enfrentam tal batalha, terão oportunidade para conhecer melhor um pouco do drama que enfrenta uma pessoa que luta contra AMS e como ajudá-la. Veja a parte anterior aqui].
Quinta
etapa: das dúvidas à obsessão
Todo isto dói muito ao menino, gerando
nele um conflito permanente para ele que não resulta fácil encontrar solução.
Em uma situação assim, é compreensível que ao princípio sobre valor e
intensifique o que está sucedendo para, na sequência, arrastar-se nos braços
das dúvidas acerca de sua identidade de gênero e, finalmente, começar a
obcecar-se com o que acontece.
Em alguns dele, estes pensamentos se
tornam obsessivos como conseqüência de não lograr resolve-los; em outros, em
troca, o obsessivo foi prévio ao que tem acontecido, quer dizer, à experiência
biográfica que tenham vivido. Pode afirmar-se que, em alguns casos, o obsessivo
suscitou, acompanhou e perpetuou as atitudes e condutas homossexuais que logo,
com o passar do tempo, podem chegar a caracterizar-los.
Em outros casos, e isto é muito
frequente, muitos dos supostos homossexuais que consultam quando adultos, são
pessoas que têm sido diagnosticadas de padecer transtornos
obsessivo-compulsivos. Só que neles, mesmo o transtorno obsessivo poderia ter se
manifestado através de muitos diversos contidos, não obstante, tem incidido e
se tem centrado quase exclusivamente com estes pensamentos homossexuais.
De confirmar-se este suposto, haveria que
concluir que não estamos ante uma pessoa que tem optado pela homossexualidade a
partir de certas ideias sobrevalorizadas ou obsessivas, senão mais bem ante um
enfermo obsessivo que, dada a evolução experimentada – aqui a psicohistória
biográfica tem muito que dizer -, sua patologia obsessiva voltou-se seletiva e unicamente
a respeito da homossexualidade, onde, ao final, se centrou.
A insegurança, as dúvidas acerca de seu
suposto transtorno na identidade sexual, o reiterativo destas ideias
patológicas, a ansiedade por não poder controlar tais pensamentos e, em conseqüência,
ele não ser livre a respeito deles, ademais do temor a que os demais assim o
percebam, acabam por configurar uma constelação de atitudes que facilitam a
aparição da conduta homossexual.
De aqui o marco frequente da comodidade
obsessiva que costuma acompanhar a muitos dos que se autodefinem como
homossexuais, acaso assim o ser. Uma comodidade na que apenas tem reparado a
psiquiatria, apesar de sua teimosia clínica. O que demonstra a falta de
profissionalismo e de rigor científico daqueles que desabafam a complexidade do
comportamento homossexual como se em verdade se tratara de apenas outro uso
alternativo, mesmo que atípico, de satisfazer a sexualidade.
Há outras muitas alterações
psicopatológicas que podem dar-se associadas ou não à homossexualidade, sem que
por ele haja que apelar a uma etiologia que se inicie na infância, como até
aqui analisada. Mas de ele se informará em uma próxima e independente
publicação.
Sexta
etapa: a atribuição do apelido pelos pais
O apelido ou pseudo apelido aos filhos,
por parte dos pais, do apelido homossexual costuma constituir outro importante
marco em sua evolução, em alguns dos quais pode chegar a ser definitivo. Isto
pode ocorrer na segunda infância ou incluso mais tarde. De ordinário, no
“menino afeminado” ou a “menina macho” costuma acontecer muito antes.
Pelo geral, o pai que surpreende a seu
filho outra vez brincando com as bonecas costuma encrespar e volta a reiterar a
proibição de que cesse esse jogo estúpido, “que é das meninas”.
Não costuma faltar, nessas ocasiões,
colocá-lo no ridículo, fazendo-lhe comentários inoportunos acerca de sua perda
de identidade sexual. Tal atribuição se magnífica e robustece, se o pai faz
esses comentários inoportunos na presença de outros familiares, vizinhos ou
amigos. Neste caso, o marco de manifesta-lo em público da uma maior
consistência a tal atribuição, até o ponto de confundir-se aquela com uma marca
inextinguível e estereotipada.
Neste sentido, resulta especialmente o
que conhecemos pela clínica onde, logicamente, nos chegam adultos nos que
também se deram alguns dessas antecedentes familiares lamentáveis. A eles vou
referir-me. E para este propósito me limitarei a expor só os resultados obtidos
naqueles paciente (assistidos com antecedência ao ano de 1987), em cuja
infância estiveram presentes os antecedentes antes assinados e cujo motivo de
consulta estava motivado pela expectativa de chegar a superar sua atual conduta
homossexual.
De uma amostra de 68 pacientes
homossexuais (49 homens e 19 mulheres) secundários (quer dizer, que tem mantido
práticas homossexuais durante alguma etapa de sua vida), só 16 (11 homens e 5
mulheres) manifestaram haver sido qualificados, respectivamente, durante a
infância de “afeminados” ou “machos”. Dos 11 meninos “afeminados”, em quatro
deles o comportamento sexual atípico havia começado durante a etapa preescolar,
extendendo-se logo, ininterruptamente, ao longo de toda sua vida. Os outro sete
homens homossexuais reconheceram não haver iniciado suas condutas afeminadas
até a pré-adolescência. Pelo contrário, das 19 mulheres lésbicas, somente cinco
haviam sido qualificadas de “machos”, todas elas desde a infância. (cfr.,
Polaino-Lorente, 1998).
Os resultados anteriores obtidos em minha
experiência clínica pessoal permitem estabelecer uma certa vinculação – mesmo
que muito mais diluída e menos enérgica do que há sido formulado por outros
autores – entre a aparição de certas condutas sexuais atípicas, durante a
infância, e o manifesto comportamento homossexual na mesma pessoa, durante sua
vida adulta.
[continua...]
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