[Continuamos a postagem iniciada anteriormente aqui e
aqui]
Estudos em gêmeos
A observação de que fatores familiares influenciam a prevalência
da homossexualidade levou ao início de uma série de estudos com irmãos gêmeos,
os quais seriam um indicativo indireto para a presença de possíveis fatores
genéticos. A maioria dos estudos mais antigos foi comprometido devido a falhas
metodológicas. Kallmann escolheu uma amostra de indivíduos de instituições
psiquiátricas e de correção comportamental – as quais não representavam
exatamente populações “normais”.(17) Bailey et. al. publicou uma série de
estudos no início da década de 1990, investigando os fatores familiares tanto
em homossexuais masculinos como femininos. Estes estudos foram comprometidos
pela maneira pela qual os indivíduos foram recrutados, uma vez que os
pesquisadores realizaram o anúncio do recrutamento em publicações destinadas ao
público gay, resultando em uma amostra distorcida.(18) Estudos
posteriores realizados pelos mesmos pesquisadores não sofreram desta
parcialidade na seleção amostral, e concluiu que a herdabilidade da
homossexualidade na Austrália era de até 50 a 60% em mulheres mas somente de
30% em homens.(19)
Um estudo realizado por Kendler et. al. em 2000 examinou 1588
gêmeos selecionados aleatoriamente em uma pesquisa feita em 50000 famílias nos
Estados Unidos.(20) O estudo descobriu que 3% da população consistia de
não-heterossexuais (homossexuais e bissexuais) e havia uma concordância
genética de 32%, um pouco menor do que a encontrada nos estudos australianos. O
estudo perdeu significância estatística quando os gêmeos tiveram que ser
separados em pares de homens e de mulheres, devido à baixa taxa (3%) de
não-heterossexuais na população geral dos Estados Unidos.
Um estudo finlandês com gêmeos relatou o “potencial para uma
resposta homossexual”, não apenas manifestação de um comportamento homossexual,
como tendo um componente genético.(21)
Em uma deturpação aos estudos da homossexualidade em gêmeos, um
grupo de pesquisadores australianos investigou se a homofobia seria o resultado
da natureza ou da criação da pessoa.(22)Surpreendentemente,
tanto fatores familiares e ambientais como fatores genéticos pareciam
desempenhar um papel na determinação da homofobia ou não de uma pessoa. Ainda
mais surpreendentemente, um outro grupo de pesquisadores nos Estados Unidos
confirmou estes mesmos resultados independentemente (também incluindo a
conclusão de que atitudes relacionadas ao aborto também eram parcialmente
genéticas).(23) Assim, mesmo pessoas homofóbicas podem alegar que simplesmente
nasceram desta maneira!
Estudos com gêmeos sofrem do mesmo problema da tentativa de
distinguir entre fatores genéticos e fatores do meio onde o indivíduo vive, uma
vez que os gêmeos tendem a viver dentro da mesma unidade familiar. Um estudo
averiguando o efeito da ordem de nascimento na preferência sexual concluiu, “A
falta de relação entre a força e o efeito e o grau de sentimentos homossexuais
em homens e mulheres sugere que a influência da ordem de nascimento no
sentimento homossexual não se dá devido a processos biológicos, mas a processos
sociais nos indivíduos estudados.”(12) Assim, ainda que os estudos realizados em
gêmeos possam sugerir um possível componente genético para a orientação
homossexual, os resultados certamente não são definitivos.
Estudos genéticos – o “gene gay”
Um exame nas árvores genealógicas familiares revelou que homens
gays possuíam mais parentes gays do sexo masculino a partir da linhagem materna
do que a partir da linhagem paterna, sugerindo uma ligação entre a
homossexualidade e o cromossomo X. Dean Harner(24) encontrou uma associação na região Xq28.
Se a orientação sexual masculina fosse influenciada por um gene na região Xq28,
então irmãos gays deveriam compartilhar mais do que 50% de seus alelos nesta
região, ao passo que seus irmãos heterossexuais deveriam compartilhar menos do
que 50% de seus alelos. Na ausência de tal associação, então ambos os tipos de
irmãos deveriam demonstrar um compartilhamento de mais de 50% de alelos. Uma
análise de 50 pares de irmãos gays demonstrou que estes compartilhavam 82% de
seus alelos na região Xq28, o que era muito superior aos 50% que seriam
esperados aleatoriamente.(25)No
entanto, um estudo posterior realizado pelo mesmo grupo de pesquisadores,
utilizando 32 pares de irmãos gêmeos gays encontrou apenas 67% de
compartilhamento de alelos, o que era muito mais próximo dos 50% esperados
aleatoriamente.(26) Tentativas feitas por Rice et. al. em repetir o estudo realizado
por Harner resultaram em um compartilhamento de apenas 46% dos alelos,
insignificativamente diferente do esperado aleatoriamente, contradizendo os
estudos realizados por Harner.(27) Ao mesmo tempo, um estudo não publicado
realizado por Alan Sanders (Universidade de Chicago) corroborou com os
resultados de Rice.(28) Decisivamente, nenhum gene ou produto genético da região Xq28 foi
sequer identificado que afetasse a orientação sexual. Quando Jonathan Marks (um
biólogo evolucionário) perguntou a Harner qual era a porcentagem de
homossexualidade que ele achava que os seus resultados explicavam, a sua
resposta foi que ele achava que eles explicavam 5% da homossexualidade
masculina. A resposta de Marks foi “Não existe nenhuma outra ciência além da
genética comportamental na qual você pode deixar 97,5% de um fenômeno sem
explicação e conseguir manchetes jornalísticas.”(29)
Experiência de abuso infantil
Um estudo com 13000 adultos na Nova Zelândia (com idade de 16 anos
ou mais) investigou a orientação sexual como função do histórico da infância.(30) O
estudo descobriu uma prevalência três vezes maior de abuso infantil entre
aqueles que subsequentemente se engajaram em uma atividade homossexual. No
entanto, o abuso infantil não era um fator importante para a homossexualidade,
uma vez que somente 15% dos homossexuais experimentaram algum tipo de abuso na
infância (comparado com 5% entre os heterossexuais).(30) Então,
aparentemente, desta população apenas uma pequena porcentagem de homossexualidade
(~10%) poderia ser explicada por experiências abusivas na infância.
[continua...]
Referências
18.
Bailey, JM, e RC Pillard. 1991. Um estudo genético de orientação sexual masculina. Arch. Gen. Psychiatry 48:1089-1096 .
Bailey, JM, RC Pillard, MC Neale, e Y. Agyei. 1993. Fatores hereditários influenciar a
orientação sexual em mulheres. Arch. Gen. Psychiatry 50:217-223 .
Bailey, JM, e AP Bell. 1993. Familiality da homossexualidade feminina e
masculina. Behav. Genet. 23:313-322 .
Bailey, JM, e DS Benishay. 1993. Agregação familiar de orientação sexual
feminina. Am. J. Psychiatry 1993; 150:272-277 .
19.
Bailey, JM, MP Dunne, e NG Martin. 2000. Influências genéticas e ambientais
sobre orientação sexual e seus correlatos em uma amostra de gêmeos. Australiano
J. Soc. pessoa. Psychol.78:524-536 .
Kirk, K., J. Bailey, e N. Martin. 2000. Etiologia da orientação sexual
masculino em um gêmeo exemplo australiano, Psicologia Evolution, & Sexo 2: 301-311 .
Kirk, K., J. Bailey, Dunne M. e N. Martin. 2000. Modelos de mensuração para a
orientação sexual em uma amostra da comunidade gêmeo. comportamento. Genetics 30: 345-356 .
20.
Kendler, KS, LM Thornton, SE Gilman, e RC Kessler. 2000. Orientação sexual em uma amostra
nacional dos EUA de pares de irmãos gêmeos e Nontwin. Am. J. Psiquiatria 157:1843-1846 .
21.
Santtila,
P., NK Sandnabba, N. Harlaar, M. Varjonen, K. Alanko e B. von der Pahlen. 2008.
Potencial para uma resposta homossexual é prevalente e genética. Psicologia Biológica 77: 102-105 .
22.
Verweij,
KJH, SN Shekar, BP Zietsch, Eaves LJ, JM Bailey, DI Boomsma, e NG Martin. 2008
influências genéticas e ambientais das diferenças individuais nas atitudes de
Homossexualidade: um estudo australiano Gêmea Behav. . Genet 2008 Maio, 38 (3): 257-265 .
23.
Eaves,
LJ, e PK Hatemi. 2008. Transmissão de atitudes em relação ao aborto e Direitos
Gay: Efeitos de genes, aprendizagem social e seleção de parceiros. comportamentos. Genet.38:247-256 .
24.
Dean
Hamer ganhou ainda mais notoriedade ao publicar um livro intitulado O Gene de Deus: como a fé é Hardwired em nossos
genes, que uma revisão científica
americana de O Gene de Deus
disse que deveria ter sido intitulado, “um gene que representa menos de um por
cento do variância Encontrado em pontuações em questionários psicológicos
concebido para medir um fator chamado auto-transcendência, que pode significar
tudo de pertencer ao Partido Verde para Crer no ESP, de acordo com um estudo,
inédito replicado. “
25.
Hamer,
DH, S. Hu, VL Magnuson, N. Hu, e AM Pattatucci. 1993. A ligação entre
marcadores de DNA do cromossomo X e de orientação sexual masculina. Science 261: 321 .
26.
Hu S., AM Pattatucci, C. Patterson, L. Li, DW Fulker, SS Cherny, L.
Kruglyak, e Hamer DH. 1995. Relação entre orientação sexual e Xq28 cromossomo em homens, mas não
em mulheres.Nat. Genet. 11:248-56 .
27.
Rice, G. Ebers, C. Anderson, N. Risch, e G.. 1999. Homossexualidade Masculina:. Falta
de ligação para marcadores microssatélites em Xq28 Ciência 284: 665-667 .
28.
Wickelgren,
I. 1999. Descoberta de ‘Gay Gene questionada. Ciência 284: 571 .
30.
Múltiplos
aspectos da Orientação Sexual: Prevalência e correlação dos fatores
sociodemográficos em uma Nova Zelândia Pesquisa Nacional por J. Elisabeth
Wells, A. Magnus McGee e L. Annette Beautrais DOI: 10.1007/s10508-010-9636-x
Fantástico artigo.
ResponderExcluir