Nona
etapa: a filosofia da ação e o comportamento homossexual
Esta etapa poderia denominar-se também
como práxis sustentadora. A ação realizada recai sobre quem a realiza. A
conduta homossexual, seja esporádica ou não, recai e influi a identidade sexual
de quem assim se comporta. A conduta humana modifica a pessoa que assim se
conduz. Mesmo que, como já observamos, o comportamento homossexual não se
identifica com a homossexualidade, não obstante, sua reiteração pode modificar
e até sustentar a quem assim se comporta como uma pessoa homossexual.
Esta etapa é a mais grave e definitiva.
Enquanto não se chegue a ela, é muito o que se pode fazer para modificar o rumo
da conduta homossexual, mesmo que não sempre. Mas chegados a esta etapa,
podemos ficar sem recursos terapêuticos e que o adolescente perca o norte para
toda a vida, porque esta se configura como o recobrar do próprio comportamento
sobre a pessoa.
Nesta etapa acontece uma inflexão no
processo. Até que o adolescente não se decide a ter relações homossexuais, é
possível que não se sinta atraído pelos meninos. Mas se inicia e reitera seus
contatos homossexuais, acabará por atrair-lhe e incluso por sentir-se somente
atraído por esta ou aquela pessoa de seu mesmo sexo.
A sexualidade, na sua fase final, é
autônoma e independente dos estímulos que a desencadeiam. Uma vez que se chega
à fase de excitação, o objeto de atração deixa de estar revestido da
especificidade e seletividade que lhe caracterizavam.
Por outro lado, o reforço fornecido pelo
prazer sexual é autônomo e independente do estímulo que o suscitou, uma vez que
produziu, o que confunde mais o adolescente. Daqui se infere o erro de ter
experimentado prazer com um homossexual, então é que ele é homossexual, como
isto fosse uma prova de verificação irrefutável.
O homem será livre de assumir ou não o
que é; mas aí começa e aí acaba também sua liberdade a respeito do sexo: em
aceitar ou repelir o gênero em que consiste.
Isto quer dizer que o homem se
autodetermina relativa e livremente em sua sexualidade. Na medida que elege o
que por sua natureza é elegível, seu comportamento sexual (quantitativa e
qualitativamente) se moldará em uma certa maneira; do mesmo modo que certas
preferências por determinados estímulos lhe vão a permitir selecionar, criar e
“recriar” aqueles estímulos que, sucessivamente, vai confiar a capacidade
suscitadora de suas próprias respostas.
A pessoa se compromete tanto com seu
próprio comportamento sexual como com os estímulos que elege, vinculando-se com
todo ele, integrando-o e implicando seu próprio eu (implicação do ego) nas
eleições que realizou e no contido destas. Dito em outras palavras: a pessoa
dispõe de uma liberdade virtual para determinar sua conduta sexual,
configurando-a e modelando-a segundo que escolheu e seu estilo pessoal, que por
sua vez em parte determinado pelo modo em que seu ego implica sexual e
pessoalmente.
Cada pessoa acaba configurando ou
desenhando originariamente aqueles estímulos capazes de colocar em marcha o
“disparar” de seu próprio comportamento sexual.
Nestes repertórios estimulares que cada
pessoa se “fabrica”, encontramos, muitas vezes, estímulos que, apesar de serem
insólitos, não usuais ou inaceitáveis, não obstante, têm a estranha capacidade
de suscitar nessa pessoa concreta uma determinada conduta sexual.
Neste caso, a patologia sexual que se
manifesta através dos estímulos que se escolheram, sim que poderia
considerar-se, em certo modo, como elegível e até livremente desenhada por quem
assim a realiza, quem forçosamente teria que assumir a cota de responsabilidade
que por essa ação lhe compete.
O estilo de comportamento que resulta de
tudo isto no âmbito da homossexualidade é, as vezes, configurado segundo certo
padrão resistente à extinção, de fácil resposta ante qualquer outro estímulo
parecido por efeito da habituação, e, em suma, consolidador da aprendizagem
que, com antecedência, livremente se realizou.
São muito numerosos os exemplos que sobre
este particular poderiam trazer aqui. Isto é o que acontece quando a
sexualidade é entendida como um mero comportamento que há de provar
(“provação”) ou quando é reduzida a uma mera experiência sexual
(“experimentalismo”). Pouco tempo depois, e atrás da repetição de atos – se
supõe que livremente escolhidos -, ditas pessoas já só responderão sexualmente
ante a apresentação daquele estranho estímulo que, paradoxalmente, foi
escolhido por elas tempos atrás.
Muitas das condutas sexuais desajustadas
do homem contemporâneo – tanto em sua programação, suscitação e iniciação, como
em sua manutenção, finalização e consolidação – poderiam explicar-se através
deste último fator, que, obviamente, condiciona também o processo da identidade
sexual.
Também, então – há uma casuística clínica
muito ampla que assim o atesta – pode o homem arruinar a identidade sexual
conquistada ao longo das numerosas etapas que integram seu prolongado e
complexo processo evolutivo.
[continua...]
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por comentar nosso blog
Abaixo você tem disponível um espaço para partilhar conosco suas impressões sobre os textos do Apostolado Courage. Sinta-se à vontade para expressá-las, sempre com respeito ao próximo e desejando contribuir para o crescimento e edificação de todos.