[Continuamos aqui o assunto abordado no post
anterior sobre sobre como vivenciar a própria sexualidade dentro da castidade,
a partir de de textos escritos pelo Pe. Benedict J. Groeschel no seu The courage to be chaste (A coragem de ser casto) inédito ainda em português. O post
anterior pode ser lido aqui]
Nós
já discutimos relacionamentos baseados em atração não-sexual e aqueles que são
apenas secundariamente sexuais. A pessoa solteira deve aceita-los com calma e
inteligência. Uma palavra deve ser dita a respeito da paixão – uma forte e
emotiva atração. Semelhante atração é baseada na complementaridade, uma
dinâmica na qual as forças de uma pessoa respondem às necessidades de outra. A
complementaridade pode ser vista como o fundamento mesmo da heterossexualidade,
até no âmbito físico, onde as características físicas que faltam a um sexo são
muito atrativas para o sexo oposto. Complementaridade em um grau muito mais
elevado inclui emoções, traços da personalidade e talentos, e é o fundamento de
um bom matrimônio.
Complementaridade
opera também em muitas amizades. Somos
parcialmente puxados por outros, porque eles são semelhantes a nós e, também,
porque eles têm o que nos falta e precisam do que temos em abundância. Alguns
escritores usaram o termo paixão para descrever a forte experiência dessas
relações complementares. Eu preferiria restringir o termo para aquela fase da
relação, geralmente de vida curta, na qual a outra pessoa é idealizada, tal
como no romance, ou na admiração pelo herói, ou num tipo superficial de
discipulado.
Paixão,
que é complementaridade na sua forma mais elementar, deve se desenvolver numa
amizade mais real, que vá além da complementaridade, se é para ela continuar.
Meditar sobre o Evangelho levou-me a acreditar que, de certo modo, os primeiros
discípulos experimentaram paixão pelo Messias e que sua relação com Ele teve de
ser purificada e transformada em algo mais do que admiração pelo herói. Esse
crescimento de conscientização foi uma parte necessária da sua preparação, que
seria posta à prova máxima da Sexta-Feira Santa.
A
pessoa solteira não deve ficar com medo da complementaridade ou da paixão,
mesmo os começos da paixão sexual. Porém, para manter uma vida solteira e
casta, deve-se ser realista e objetivo a respeito dessas experiências de
paixão, em especial se elementos sexuais e românticos estiverem escondidos sob
a superfície. Em relações não-sexuais tais como a admiração pelo herói, o
perigo pior é aquele de ficar olhando como um bobo. Nas relações sexuais, um
grave desajuste de duas personalidades pode tomar o lugar e muito mal pode ser
feito. A pessoa solteira deve isto a si própria: reconhecer a paixão e crescer
rapidamente para além dela.
A compulsão sexual e a perda do controle
A
pessoa solteira deve viver com a possibilidade de compulsões sexuais que estão
enraizadas nas forças inconscientes ou que derivam de crises da vida não
resolvidas. O controle sexual é, com freqüência, o elo mais fraco na
personalidade e sistema de controle de alguém. Quando as coisas vão mal ou
quando alguém está sob muita pressão, um comportamento sexual indesejável deve
provavelmente acontecer. O medo de perder o controle sexual causa à pessoa, com
freqüência, grande problema com ansiedade. Será um grande passo à frente no
desenvolvimento da nossa espécie quando formos capazes de avaliar a perda do
controle sexual como sintomático de tempos de luta interior, ao invés de sempre
condenar isso como uma ação saída dum simples impulso imoral ou, ainda mais
perigoso, justificá-lo por uma racionalização desonesta.
A
perda do controle sexual leva a um comportamento indesejado que o indivíduo vê
como imoral e quer evitar. Isto é um perigo para a pessoa solteira, em
especial. Muitos dos mecanismos de controle presentes no casamento não estão
disponíveis na vida solteira. Hammarskjöld fez a seguinte observação em
Markings:
“Então,
mais uma vez, você optou por si mesmo – e abriu a porta para o caos. O caos que
você se torna toda a vez que Deus não respousa a mão sobre sua cabeça. Ele, que
um dia esteve sob a mão de Deus, perdeu a inocência: apenas sente toda a força
explosiva da destruição que é liberada num momento de rendição à tentação.
Porém, quando sua intenção está direcionada além e acima, como ele é forte, com
a força de Deus que está nele, porque ele está em Deus. Forte e livre, porque
seu eu não existe mais”[1]
O
medo de perder o controle nos períodos de estresse é um grande argumento para
tentar viver uma vida sã e equilibrada, se você é solteiro. Depois nós veremos
como os hábitos mentais são necessários para manter o controle sexual e bom
equilíbrio geral.
[continua...]
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