Um dos grandes desafios da vida de todo cristão é viver como Cristo em todos os lugares. Essa dificuldade é justificada pelas inúmeras ocasiões de tentação que esses lugares todos podem oferecer. Nas Sagradas Escrituras, Jesus alerta várias vezes seus discípulos sobre as dificuldades que encontrariam no anúncio e vivência do Evangelho: "Eis que vos envio como ovelhas entre lobos. Por isso, sede prudentes como as serpentes e sem malícia como as pombas" (Mt 10, 16); "No mundo tereis tribulações...(Jo 16, 33).
Fora todas as tentações mencionadas, há uma comum a todos os ambientes em que vivemos: pecar contra a castidade. Todos os cristãos, tendo atração pelo sexo oposto ou pelo mesmo sexo, são confrontados com todo tipo de oportunidade de pecado contra a castidade. Facilmente, uma pessoa de nossa convivência pode se tornar objeto de nosso desejo (egoísta) de prazer. Não a vemos mais como pessoa, filho ou filha de Deus, mas, sim, como instrumento descartável que pode servir a nossos interesses.
A situação se complica quando consideramos os hábitos e a cultura que existem atualmente. Sejam os hábitos comuns para fugir do calor, sejam as roupas ou comportamentos, na moda; tudo isso facilita os pensamentos e os desejos luxuriosos (que contribuem para pecar contra a castidade).
Ademais, a mídia, a imprensa e a publicidade, ao invés de nos ajudar a manter nossa cabeça ocupada com notícias, informações ou entretenimento edificantes, ainda mais dificultam nossa condição, pois usam e abusam da sensualidade e, até mesmo, da pornografia.
Em outra passagem do Evangelho segundo São Mateus (5, 29), Jesus nos exorta a fugir das ocasiões de tentação, pois podemos pecar só por pensar e desejar em nosso coração - cabe frisar o que T. G. Morrow escreveu em seu artigo "Is chastity possible?", que pecamos pelo pensamento apenas quando consentimos e insistimos em pensar e desejar algo contrário à vontade de Deus. Assim, devemos evitar aquelas circunstâncias que nos facilitam cair em tentação e pecar, seja evitando frequentar certos lugares ou assistir e ver certos conteúdos da mídia, ou mesmo preservando o olhar (desviando-o e concentrando-o em outras coisas, que ocupem a cabeça com pensamentos edificantes).
Em seu Tratado da Castidade, Santo Afonso Maria de Ligório chega a aconselhar a todos que desejam viver a castidade a, se preciso, manter os olhos no chão, para evitar pecar contra a castidade por pensamentos.
Até mesmo podemos quebrar nossa rotina, trocando uma atividade que não nos ajudaria a viver a castidade e indo à capela do Santíssimo, para adorar Jesus na Eucaristia. Também é uma boa alternativa a leitura espiritual (a leitura de livros que nos formem e que informem sobre a fé cristã).
Entre colegas, amigos ou familiares é bom cultivar hábitos e conversas castas. Evitar palavras obscenas, xingamentos, conversas que mais nos afastem da Palavra de Deus do que dela nos aproximem, e cultivar o respeito e a pureza do olhar, buscando sempre enxergar o Cristo presente nos nossos próximos.
Com esses pequenos gestos, pouco a pouco venceremos as tentações, pois, principalmente, estaremos buscando viver conforme a vontade de Deus e estaremos contando com sua graça, em Cristo. Que não esmoreçamos nessa luta cotidiana, pois, afinal, Aquele que é a nossa força nos assegura "não tenhais medo... coragem! Eu venci o mundo" (Jo 16, 33).
Ótima reflexão. Foi tudo o que vivenciei semana passada. "Vigiai e orai".
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