
Courage International, Inc. é um apostolado da Igreja Católica, fundado em 1980 pelo padre John F. Harvey, presente no Brasil e em outros países, que oferece apoio pastoral a homens e mulheres que sentem atração pelo mesmo sexo e que tenham escolhido viver uma vida casta. Em 28 de novembro de 2016 Courage International recebeu o status canônico na Igreja Católica de associação pública clerical de fiéis, fazendo-o o único apostolado canonicamente aprovado de sua espécie.
quinta-feira, 10 de janeiro de 2019
[QSH] Celibato ou cura?
Em
resposta à dificuldade encontrada por um indivíduo que não tem conseguido, por
qualquer motivo, livrar-se da condição da homossexualidade e compreende que a
única maneira de viver o mandato divino da castidade é através da prática da
abstinência sexual, faço as seguintes observações.
(1) A
abstinência sexual significa precisamente evitar os atos genitais e tudo que
termine no orgasmo. Isso não quer dizer que não se possa expressar afetos
através de atos não-genitais, como os beijos, os abraços e os afagos.
(2) Tal
abstinência sexual se transforma numa forma de amor se a motivação é o amor a
Jesus Cristo. Desta forma, a abstinência sexual se transforma no celibato
consagrado. É o único motivo efetivo, porque nem mesmo o medo da morte faz com
que as pessoas deixem de procurar a satisfação sexual.
(3) Dever-se-ia
evitar transformar a prática do celibato num fardo pesado, como o sacerdote que
queixou-se comigo, durante um retiro, sobre “este maldito celibato”. Deve-se
fortalecer seu amor por Cristo através do hábito diário da oração mental,
também conhecida como oração do coração e através da formação das amizades
castas, que começam, muitas vezes, em grupos de apoio espiritual, como os do
Courage.
(4) Deve-se
criar uma estratégia espiritual para lutar contra os ataques de solidão,
inquietações e desânimo. É importante ter um diretor espiritual ou um amigo a
quem chamar. Também pode-se ir ao Santíssimo Sacramento e falar com Nosso
Senhor sobre a situação. Desta forma permanece-se no mundo real, em vez de permanecer no mundo da fantasia e do isolamento.
(5) Como
outros escritores salientaram, como o Reverendo Benedict Groeschel e William
Consiglio, por exemplo, deve-se estar atento às mudanças perigosas de ânimo
que, no passado, desencadearam lutas com a masturbação, a procura por parceiros
sexuais ou a satisfação com pornografia. Quando estas coisas acontecem, deve-se
imediatamente voltar para a realidade.
Enquanto
há a dificuldade em se viver uma vida celibatária em nossa cultura hipersexualizada,
tal forma de vida tem sido vivida, por meio da graça de Deus, por muitos
cristãos através de toda a história da Igreja. Na tradição católica, o celibato
consagrado tem sido sempre tido em alta consideração. Ao contrário da opinião
corrente, não é necessário ser um monge, uma monja ou um sacerdote para viver
este tipo de vida. Para aqueles que realmente querem ser celibatários, a graça
de Deus está sempre presente. Deus sempre dá ao indivíduo a graça suficiente para cumprir com a lei
moral, como Santo Agostinho ensinou: “Deus não ordena coisas impossíveis e, ao
ordenar, Ele nos admoesta a fazer aquilo que podemos fazer e procurar a Sua
graça para fazer aquilo que não podemos fazer”.
Entre
os propagandistas do estilo de vida gay, o celibato é visto como uma forma de
suicídio sexual, uma privação do poder de amar, mas tudo isso é um mito. O
celibatário não deve renunciar jamais à habilidade de amar. Seu celibato
expande a sua capacidade de amar a Deus e ao próximo. A vida dos santos celibatários
e a vida de muitas pessoas celibatárias só podem ser compreendidas à luz do seu
amor por Deus e pelas pessoas por elas cuidadas. Como muitos outros, os
ativistas da causa gay confundem o amor humano com a satisfação sexual-genital.
Depois
de afirmar o valor positivo do celibato nas vidas de muitos cristãos, inclusive
os indivíduos com orientação homossexual, volto agora para as questões
relacionadas propostas pelos membros do Courage ou do Exodus. A primeira pode
ser formulada desta forma: se a orientação homossexual é uma “desordem
objetiva”, como a Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé afirma em sua
“Carta para os Bispos da Igreja Católica sobre o Cuidado Pastoral para Pessoas
Homossexuais”, então os católicos com AMS não estão obrigados a procurar uma
mudança de orientação sexual?
Eu
respondo que uma obrigação não vincula em consciência exceto se a lei moral o
exigir claramente e a pessoa for capaz de assumi-lo. Assim, a pessoa com
tendências homossexuais está obrigada a viver a abstinência sexual através do
preceito evangélico da prática da castidade, mas não há a obrigação de tomar
passos em direção à mudança de sua orientação. Por mais que tal mudança seja
desejável, não podemos dar nenhuma garantia, no presente estado do nosso
conhecimento, de que se alguém decide seguir um certo programa e plano de vida
para mudar sua orientação, de que isso certamente ocorrerá. Dessa forma, não
pode ser provado que tal mudança acontecerá inevitavelmente se fizermos certas
coisas, não se pode impor a obrigação de seguir certos passos para tal mudança.
O princípio ético básico aplicável a esta situação é que não se pode impor uma
obrigação a menos que se esteja certo
que ela exista.
Mesmo
que um programa particular sob a direção de um terapeuta de grande reputação
tenha funcionado na maioria dos casos e poderia ser considerado como um método
com grande probabilidade de ser benéfico a um determinado indivíduo, tal
programa pode ainda ser visto como opcional e extraordinário para este
indivíduo por várias razões, das quais não menos importante é o custo
financeiro. Muito menos, então, pela questão da obrigação.
Pessoas
jovens, no entanto, deveriam ser encorajadas a procurar a libertação da
condição homossexual, porque elas têm uma maior probabilidade de serem castas
agora se tiverem uma visão esperançosa do futuro. Na opinião do Dr. Jeffrey
Satinover, que trabalha com Leanne Payne, a esperança da mudança é a questão principal
para muitos jovens que lidam com desejos homossexuais. Não é melhor lutar para
sair da condição do que resignar-se à situação como uma cruz que deverá ser
carregada pelo resto da vida? Uma pessoa jovem, acreditando que não pode se
livrar de sua condição é vulnerável à propaganda gay, a qual afirma que a
homossexualidade é uma variante natural da heterossexualidade e que o estilo de
vida gay é uma alternativa ao casamento.
A
pessoa com orientação homossexual vive em ocasião de pecado num sentido
especial, quer dizer, a ocasião de pecado está em seu próprio coração e mente.
Ela pode encontrar-se imersa em formas homossexuais de pensar e agir. Isto
significa que é necessário livrar-se da literatura e mídia homossexuais, evitar
bares, cinemas e casas de banho gays; cortar grandes apegos emocionais a
pessoas do mesmo sexo e afastar-se de grupos homófilos. Isto será doloroso e
difícil, porque estas pessoas e locais forneceram à pessoa homossexual um
pequeno alívio psicológico quanto à questão do isolamento, mas esta é a parte
do preço que a pessoa tem que pagar para ganhar novamente controle sobre a sua
vida interior para, assim, possuir a castidade interior, ou a castidade do
coração. Remover meramente as ocasiões de pecado, no entanto, não é o
suficiente; como Cristo diz, “Ora, o que sai do homem, isso é o que mancha o
homem. Porque é do interior do coração dos homens que procedem os maus
pensamentos: devassidões, roubos, assassinatos, adultérios, cobiças,
perversidades, fraudes, desonestidade, inveja, difamação, orgulho e insensatez.
Todos estes vícios procedem de dentro e tornam impuro o homem”. (Mc 7: 20-23).
É hora
de considerar as visões dos membros mais velhos do Courage no que concerne à
possibilidade de mudança de orientação. Alguns dos que tem acima de trinta anos
procuram mudar a sua orientação através de terapia profissional, oração e grupo
de apoio; a maioria, no entanto, está satisfeita com o desenvolvimento de uma
vida de castidade interior. Muitos percebem a mudança de seus pensamentos e
padrões sentimentais como algo mais difícil, pois tais hábitos tornaram-se mais
entranhados ao longo dos anos.
Outros
ainda sofreram uma lavagem cerebral ao aceitar, do establishment psicológico, o mito de que é impossível mudar a sua
orientação. Desta forma, alguns se tornam desanimados após anos de terapia
profissional e milhares de dólares desperdiçados naquilo que não fez com que
eles se tornassem heterossexualmente disponíveis para o casamento, não
percebendo nenhuma mudança significativa em suas maneiras de pensar e sentir.
Nesse
momento de suas vidas, estas pessoas mais velhas têm que escolher entre voltar
ao seu estilo de vida homossexual anterior ou procurar viver uma vida de
abstinência sexual por amor a Cristo. Muitos membros mais velhos do Courage
procuram desenvolver uma vida interior de oração com Cristo. Enquanto eles se
alegram ao ver que seus irmãos mais novos querem mudar a sua orientação, estão
decididos a viver uma vida de abstinência sexual. Se alguém dissesse a eles que
devem mudar a sua orientação, muitos
não voltariam na outra semana.
Por
esta razão o Courage não faz com que a mudança de orientação seja um objetivo
obrigatório. Ao mesmo tempo, o Courage coloca uma grande ênfase na necessidade
de se afastar completamente dos estilos homossexuais de se pensar e sentir.
Pessoas que aspiram aos estudos para o sacerdócio ou a vida religiosa deveriam
tomar os meios acima mencionados para repudiar o estilo de vida gay e deveriam
estudar o ensinamento oficial de Igreja no que concerne a problemática do comportamento
homossexual.
Outra
objeção ao posicionamento de que alguém não está estritamente obrigado a mudar sua
orientação sexual é que a vivência da castidade, enquanto se permanece na
condição homossexual, implica em não ter uma cura completa, pois não se é
espiritualmente inteiro até que se tenha adquirido a orientação heterossexual.
Acredito que a melhor forma de responder a esta objeção é através da distinção
entre a cura espiritual e a cura psicológica. Com cura psicológica da homossexualidade, quero dizer que um indivíduo
tornou-se agora predominantemente heterossexual nos padrões de fantasia,
pensamento e emoções, enquanto pode haver vestígios da fantasia e desejo
homossexuais sem tentações mais sérias direcionadas à luxúria homossexual. Com cura espiritual, quero dizer que um
indivíduo tornou-se interiormente casto, mesmo que ainda sofra ocasionalmente
tentações sérias relacionadas a prazeres homossexuais, a despeito de seus
esforços sinceros para evitar ocasiões de pecado; ou não se desenvolve nenhuma
atração física a pessoas do outro sexo, a despeito do fato de que não se é mais
atraído, de forma carnal, a pessoas do mesmo sexo.
No meu
trabalho pastoral encontrei muitas pessoas que vivem uma vida de castidade
interior, a despeito de diversas tentações. Estes indivíduos comungam
diariamente, vivendo uma vida de comunhão com Cristo. Eles estão curados
espiritualmente, mas não psicologicamente, apesar de quererem estar curados
também psicologicamente. Além da questão da homossexualidade, está claro que
alguns dos santos sofreram severas tentações de impureza que, pela graça de Deus,
conseguiram vencer. Eles foram espiritualmente,
mas não necessariamente psicologicamente
curados, sofrendo em alguns casos de tendências neuróticas. Talvez nossos
amigos do Exodus International, que afirmam que não se está completamente
curado até que se tenha transformado numa pessoa com orientação heterossexual,
deveriam considerar esta distinção. Em nossa fragilidade humana, a cura
psicológica nem sempre acompanha a cura espiritual que vem através da graça
divina.
Outra
objeção feita ao posicionamento do Courage de que não se é obrigado a
participar de programas designados à mudança de orientação sexual é que alguém
pode ser curado plenamente de sua orientação se essa pessoa tem uma fé mais profunda.
Esta afirmação não tem respaldo na teologia católica. E pode levar a
julgamentos cruéis sobre muitos homens e mulheres que eu tenho conhecido que
praticam sua fé com assiduidade, mas não conseguiram realizar a jornada em
direção à orientação heterossexual, a despeito da sua vontade.
Uma
objeção final à nossa posição é que é praticamente impossível praticar a
abstinência sexual por um período extenso de tempo a menos que se tenha
professado votos religiosos ou prometido viver o celibato clerical. O celibato não
é, definitivamente, para o laicato católico, porque eles não possuem o carisma
dado a religiosos e sacerdotes; consequentemente, na situação de pessoas com
tendências homossexuais, é razoável estabelecer-se com um amante no lugar de envolver-se
com a promiscuidade, com o perigo da AIDS. Alguns membros do Dignity, uma
organização que se considera católica apesar de não aceitar o ensinamento da
Igreja sobre o comportamento homossexual, argumentaria desta forma.
Eu já
afirmei anteriormente a premissa oculta nesta objeção. Se a castidade é uma
obrigação imposta a todas as pessoas em todas as vocações, então segue-se que
Deus dará a cada pessoa a graça suficiente para observar este mandato divino.
Dizer o contrário é contradizer o solene ensinamento da Sexta Sessão do
Concílio de Trento e Santo Agostinho, como se fez referência anteriormente. É incrível
como a falsa ideia de que apenas religiosos e sacerdotes possuem o carisma da
completa castidade se espalhoua entre os fiéis. Deus dá o dom do celibato a
todos que o pedem.
Precisamos
fazer um trabalho melhor no que concerne ao ensinamento do significado positivo
do celibato, não apenas entre os leigos, mas também entre os seminaristas e
sacerdotes. Como já vimos, o celibatário precisa aceitar este dom interiormente
e vive-lo alegremente, pois ou o celibato é um ato de amor por Cristo ou é uma
concha vazia. É uma outra forma de expressão da sexualidade, como São João
Paulo II salientou em Familiaris
Consortio: “O Casamento e a virgindade, ou celibato, são duas formas de
expressão e vida de um único mistério da aliança de Deus com o Seu povo” (nº
16).
O coração
do celibatário é o cultivo da relação nupcial com Jesus Cristo. A forma como
trazemos esta relação com Cristo em nosso ministério e em todas as nossas
relações é discutida em muitos autores espirituais. Gostaria de recomendar
três: A Coragem de Ser Casto, de
Benedict Groeschel, C.F.R; Celibato,
Oração e Amizade, Christopher Kiesling, O.P; e O Coração Inquieto: Reflexões sobre o Amor e a Sexualidade, Jordan
Aumann, O.P., e Dr. Conrad Baars.
No
capítulo sétimo, “Perspectivas Pactorais”, considerarei as dificuldades que
muitos experimentam em seus esforços por viver uma vida casta: a influência
sedutora do meio gay, a abundância da pornografia gay, o sentido de baixa
autoestima, grandes apegos emocionais, solidão, memórias amargas do passado,
más amizades e raiva não-resolvida. Este será chamado por mim o lado humano do
celibato. Tais reflexões podem auxiliar-nos a compreender que a
homossexualidade tem muito pouco a ver com sexo.
(Harvey, John Francis O.S.F.S. - The Truth about Homosexuality - The Cry of the Faithful - A verdade sobre a homossexualidade - o grito dos fiéis)
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Esses beijos que aparecem na observação número 1 são só na bochecha ou na boca também? Isso é uma dúvida q tenho já há algum tempo... Sempre leio e ouço e vejo que os atos sexuais são pecado, mas me parece q um beijo nem sempre é um ato sexual... Daí a dúvida!
ResponderExcluirAlém disso, outra dúvida q tenho é se é proibido morar com uma pessoa com a qual não se tenha casado (seja do mesmo sexo ou não) minha família não se alegra com isso, mas a alegria deles ou falta dela não determina a Doutrina da Igreja, wuahahaha, no entanto determina-me dúvidas! :)